LUA DE MEL
EM BUENOS AIRES,
A MULHER CRUCIFICADA,
O BEIJO DA BESTA

O espetáculo icônico do grupo Levanta Favela estreou em 2017, na Usina do Gazômetro, Porto Alegre. A montagem, que reuniu textos breves de Julio Zanotta foi um contundente exemplo de dramaturgia com temática pós pornô, alternativa anárquica feminista em oposição à pornografia tradicional.

Esta encenação do Levanta Favela abalou a ideia de gênero e normatividade. Reuniu solilóquios, monólogos e diálogos que rompem inesperadamente os clichês do pornô machista, mexendo com a noção de erotismo e sensualidade. O Levanta Favela recriou as vontades sexuais, propôs a reinvenção ou subversão do conceito de sexo levando-o ao grotesco para externar com violência cênica a asquerosidade de nossos padrões de beleza dominantes.

Abordou a violência contra a mulher tendo por base a perspectiva de três personagens: Clarissa uma prostituta; Aurora, uma faxineira; e Anna, uma travesti. Negando a dramaturgia ocidental dominada pelo machismo, o Levanta Favela partiu da premissa de que a vontade do sexo feminino ou o prazer com motivação feminista não encontram representatividade na indústria de conteúdo adulto.

A montagem do Levanta Favela ficou dois anos em cartaz. Foi um espetáculo contundente. Uma montagem que combate e convoca ao mesmo tempo.