BIOGRAFIA

JULIO ZANOTTA

Julio Zanotta Vieira (Pelotas, 18 de agosto de 1950) é dramaturgo, contista e romancista brasileiro. Suas personagens são inconformadas e idealistas que buscam a realização de utopias em relatos autobiográficos. “Relegam a um segundo plano as questões ligadas à masculinidade e à metalinguagem para evidenciarem a submissão feminina. Subverte a lógica sexista e cria uma obra feroz.

Através sobretudo da sátira de estereótipos de gênero e do imaginário convencional, da crítica, da exaltação a práticas libertárias do corpo e da problematização de papéis sociais. Politicamente, o corpus das obras de Zanotta faz coro a estratégias narrativas em que a palavra surge para explicar e endossar o discurso sexopolítico.

Sua obra pode ser considerada um potente exemplar do movimento pós-pornô realizado no Brasil, através da linguagem teatral. As montagens recentes mais contundentes dos trabalhos do autor foram produzidas pelo Levanta Favela, provavelmente o coletivo teatral mais subversivo surgido em Porto Alegre no século XXI. (Colin -Procedimentos pós-pornográficos em Lua de Mel em Buenos Aires… do coletivo Levanta Favela, para a revista Urdimento)

Aos 20 anos era jornalista do Diário de Notícias, cursava Filosofia e se envolveu no movimento estudantil que lutava contra a ditadura. Em 1973 pela primeira vez teve que deixar o país, voltou em 1976 e foi um dos fundadores do grupo teatral “Ói Nóis Aqui Traveiz .

Naquela época, os problemas com a repressão só pioraram. Depois da encenação de “As Cinzas do General”, em 1980, peça na qual assinava o texto e a direção, a perseguição a ele aumentou. Em 1981, Julio Zanotta deixou novamente o país, saindo pelo Acre com um passaporte falsificado, na companhia da então sua esposa, a atriz e bailarina Lisaura Andréia Souto. Ficou dois anos viajando pela América Latina, foi do Perú ao México apresentando em cada cidade a peça “Marília”, interpretada por Lisaura.

Em 1983, de regresso ao Brasil de um de seus dois exílios, viveu isolado numa cabana em plena Mata Atlântica, na Bahia, ao sul de Trancoso, então uma sonolenta aldeia de pescadores. Publicou vários livros, entre eles: Louco, E Nas Coxilhas Não Vai Nada?, Teatro Lixo, O Apocalipse Segundo Santo Ernesto De La Higuera e A Ninfa Dragão. Casou inúmeras vezes e é pai de quatro filhos de diferentes mães. Atualmente mora retirado, na região montanhosa de Riozinho, RS, e dedica-se a escrever.

Tornou-se um empresário do ramo livreiro e chegou a ter livrarias em Florianópolis e Curitiba. Julio foi presidente da Câmara Riograndense do Livro, sendo o responsável pela modernização da Feira do Livro de Porto Alegre, a qual dirigiu por 4 anos. No ano de 1998, recebeu o título de Cidadão Honorário da cidade de Porto Alegre.

Em 2013 a Coordenação de Artes Cênicas da Prefeitura de Porto Alegre realizou a Semana Julio Zanotta, nove noites de leituras dramáticas nas quais foram apresentadas 16 de suas obras teatrais.

Segundo Julio Conte, autor de Bailei na Curva, Zanotta é referência no teatro gaúcho. “Tem um texto radical, essencialmente ferino, brutal. É alegórico, irônico, debochado e niilista.  Seus personagens perdem-se dentro de si, enlouquecem, se iluminam, se estranham. Falam consigo mesmo como se fossem outro.

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