Peças Encenadas
A LIBERTAÇÃO DO DIRETOR-PRESIDENTE
A Libertação do Diretor-Presidente estreou no Teatro Renascença no dia 24 de agosto de 1979. Trata-se de um exemplo de meta-teatro, não há desenvolvimento dramático propriamente dito. O texto equilibra elementos de manifesto e depoimentos, com uma crítica iconoclasta de tons sombrios. Favelados e moradores de rua entremeiam informações e comentários cáusticos sobre a situação político-econômica do momento, para estabelecer relações entre os privilégios dos ricos e o desamparo dos oprimidos. A última cena é formada por cem palavras, a última a ser pronunciada é “ódio”. Resume, com violência verbal, um sentimento coletivo de inconformidade.
O espetáculo se caracteriza por um rigor áspero, cheio de força visual. É um mosaico de inquietações, angústias e humanismo contestador.
A artista plástica Magliani pintou três imensos painéis que se integravam ao cenário, formado por ganchos de ferro, grilhões, sucata e jaulas caninas onde os personagens são enclausurados. O figurino foi desenhado por Pena Cabreira. Não havia música, mas sons guturais emitidos pelos atores que se combinavam aleatoriamente formando estranhas vocalizações.
A Libertação do Diretor-Presidente foi considerado pela crítica especializada como a grande surpresa do ano. Cláudio Heemann exaltou as suas qualidades, Aldo Obino considerou a montagem um mosaico de inquietações, Tânia Faillace escreveu que a chave cênica são homens brutalizados pela violência num espetáculo cru e raivoso. Décio Presser previu que o público acostumado com o teatro convencional ficaria surpreso com a estrutura da peça.
FICHA TÉCNICA:
Elenco: Rosa Lima, Jorge Cristiano, Andréa Souto e Catulo Parra.
Cenário: Flávio Zeni.Painéis: Magliani.
Figurino: Pena Cabreira.
Produção: Catulo Parra
Direção: Julio Zanotta.
DATA DE ESTREIA:
24 de agosto de 1979 no Teatro Renascença em Porto Alegre/RS
PREMIAÇÃO:
Prêmio Açorianos 1979 de Melhor Ator para Catulo Parra
NA IMPRENSA
Peça sobre a fome estréia no mês de agosto
O texto, segundo Julio, "é uma parábola sobre a fome, que não procura copiar a realidade social e muito menos propor soluções de caráter panfletário.
FM.93
03 de julho de 1979
Por Redação FM.93
No Renascença a estréia de uma montagem de vanguarda
Trata-se de um texto político que aborda a sociedade brasileira e os tempos de abertura desde o ângulo da fome e da marginalidade social. Em termos de linguagem, é uma montagem que foge ao teatro convencional. Em linhas gerais o espetáculo pode ser incluído no chamado "teatro experimental de vanguarda".
Folha da Tarde
20 de agosto de 1979
Por Décio Presser
Estréia ''A Libertação o Diretor-Presidente''
O cenário é composto de três grandes painéis pintados pela artista plástica Magliani. Além de terem um forte impacto visual, criam todo o ambiente onde se passa a ação: eles mostram cenas de forte crueldade social e desumanização.
Zero Hora
24 de agosto de 1979
Por Redação Zero Hora
''A Libertação o Diretor-Presidente'' uma peça sobre nossos marginalizados
Como o texto tratava de marginais, tivemos juntos uma série de contatos com pessoas que vivem em núcleos, em malocas na beira do Guaíba. Estes contatos foram gravados, registrados e a partir dai surgiu um dos personagens da peça.