Obras de Ficção

O Apocalipse Segundo Santo Ernesto de La Higuera (Livro)

O APOCALIPSE SEGUNDO SANTO HERNESTO DE LA HIGUERRA

‘‘VOCAÇÃO LATINA’’
O Apocalipse Segundo Santo Ernesto de la Higuera é uma importante contribuição ao teatro musical. A fantasia, sua riqueza e sua vitalidade, são precisamente o que faz o interesse da peça.

Ao mesmo tempo, é evidente a unidade, a coerência de santos midiáticos, anjos do bem e dragões do mal que Julio Zanotta nos apresenta. Todos têm por fio condutor o imperativo indiscernível de indivíduos elevados à categoria de mitos. Evocações da Cordilheira dos Andes e sua geografia introduzem mais do que um pensamento uma ideia ou uma imagem fantástica.

É o desígnio daquilo que podemos chamar de vocação latina. A noção propriamente dita de uma ideia de revolução política cujos princípios se tornaram utópicos. Santo Ernesto de La Higuera é realmente um santo? O argumento da peça é a descrição de um fato histórico ou uma aproximação marginal e eventos sombrios? Será que este ambiente de atitudes brutais faz parte do imaginário de um continente que ainda procura suas referências?

A fantasia de Julio Zanotta transforma a guerrilha do Che num apocalipse latino-americano. Deus ameaça os pobres mortais, Guevara tenta uma revolução impossível. Sete anjos da mídia cantam o grande dilema político de um continente inteiro. Sete dragões do mal lutam contra o destino revolucionário. E o Dragão do Apocalipse ameaça arrasar a terra. Che Guevara canta e marcha pelos vales e montanhas da Bolívia.

Mas agora o guerrilheiro heroico tornou-se santo. Santo Ernesto de La Higuera.

A dança e os cantos corais sugeridos no texto podem ser tudo isto e até mais, mas são sobretudo uma proposta para reconsiderar aquilo que é popular e universal entre nós. Os personagens de “O Apocalipse Segundo Santo Ernesto de La Higuera” protagonizaram a história recente. Suas performances são tão importantes em cena quanto o foram em vida. Suas presenças dão sentido e coerência a uma crônica cheia de beleza e conteúdo lírico.

Dizer que este é um texto belo é apenas um modo de falar. Sua beleza é uma propriedade das coisas que evoca. Não é verossímil, real ou ideal por si mesmo. A ação revolucionária do Che Guevara torna-se desejo, é festa, é exuberância estética. E nossos valores espirituais encontram seu lugar na luta que o bem trava com o mal para encontrar a realidade está dentro de cada um de nós. No prazer do sonho ou na revolução. É a luta pela utopia social, vista talvez como uma luz que ilumina todas as coisas. Como a luz de um arco-íris ao fim do qual encontramos as ilusões que herdamos do século XX. Seja na selva, seja nas nuvens.

Texto por: Rui Gonçalves Diniz (Livreiro e Editor, diretor da Livraria e Editora Palmarinca. Membro da Confraria do Livro.)

FICHA TÉCNICA:
Texto: Julio Zanotta
Ilustração da Capa: Françoise Nielly
Editora: Palmarinca
Lançamento: 09 de outubro de 2012
Páginas: 104
CDD: 869.93
CDU: 821.134.3(81)-3

NA IMPRENSA

Che Guevara contra o Mundo

Uma batalha de Che Guevara com soldados, anjos, monges, dragões e até com o próprio Deus. Esse é o tema do mais recente livro de Julio Zanotta, que será lançado amanhã, no Teatro da Câmara Túlio Piva, às 20h.

Zero Hora

08 de dezembro de 2012
Por Roger Lerina